domingo, 24 de julho de 2011


"Abri curiosa o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria rir, chorar,
ou pelo menos sorrir
com a mesma leveza com que os ares me beijavam.
 
Eu queria entrar, coração ante coração, 
inteiriça,
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando.
 
Eu queria até mesmo saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas 
cada pedacinho de matéria viva.
 
Eu queria 
(só) 
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
 
Eu queria apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
 
Eu queria 
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço 
nu e cheio.
 
Eu queria ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las.
 
Eu não sabia
que virar do avesso
era uma experiência mortal."



 Ana C.